sábado, julho 14, 2012

Uma Verdadeira Política Desportiva

Apesar da informação financeira dos clubes da RAM não estar disponível para consulta pelo cidadão comum de forma fácil e transparente, as notícias que surgem com cada vez mais frequência na comunicação social não deixam margens para dúvidas que os clubes madeirenses vivem situações dramáticas que podem, no limite, colocar em perigo a sua própria existência.

Tendo em conta que a esmagadora maioria dos clubes sobreviviam há muito graças aos apoios financeiros do Governo Regional (GR), e sabendo qual a situação financeira da própria região, este estado de coisas não pode constituir propriamente uma surpresa.

O que já pode ser mais surpreendente é a inércia e a falta de ideias demonstrada pelo GR. No desporto – como aparentemente em muitas outras coisas – parece que o GR vive num estado de negação que não lhe permite perceber a verdadeira situação da região. E, naturalmente, sem um diagnóstico correcto é impossível estabelecer planos e políticas realistas para resolver as situações.

O facto é que para os clubes, desde há muito e por uma continuada má gestão, cada época representava um aumento do seu passivo e um mais um passo na direcção do precipício. Evidentemente que esta situação não era financeiramente sustentável e que, mais dia menos dia, daria origem a situações de insolvência.

Julgo que este momento deve ser encarado – com coragem e visão – como uma oportunidade para acabar com esta politica desportiva ruinosa e estabelecer um novo modelo que seja sustentável para uma região como a Madeira.

Mas não basta reduzir os apoios financeiros e manter a mesma estratégia!

Existem um conjunto de princípios e ideias que devem suportar uma nova estratégia desportiva:

• O apoio aos escalões de formação, mas que não tem de ser necessariamente feita apenas em dinheiro, que muitas vezes é usado pelos dirigentes para outros fins como o seja o apoio ao futebol profissional.

• A criação de 1 clube único para todas as modalidades ditas amadoras. Por exemplo, no voleibol, em vez da região estar a subsidiar as equipas seniores masculinas e femininas de Machico, Câmara de Lobos, Marítimo e Madeira (para nomear apenas algumas), existiria apenas uma equipa sénior masculina e outra feminina desse clube único que competiria a nível nacional e funcionaria como receptáculo dos jogadores madeirenses das camadas jovens dos restantes clubes regionais.

• Utilização única e exclusiva de atletas madeirenses nesse clube único.

• Relativamente ao futebol profissional, devia também ser concretizada a criação de um clube único capaz de lutar pelo título da Primeira Liga Portuguesa de Futebol e que garantisse uma quota mínima de 50% de madeirenses no plantel. Se é possível ao Atlético de Bilbao jogar apenas com jogadores da sua região no mais competitivo campeonato do mundo porque não é possível ter pelo menos 50% de atletas da Madeira?

• Ainda relativamente ao futebol profissional, devia ser criado um Campeonato Regional de Futebol, provavelmente com equivalência à Divisão Madeira da 3ª Divisão Nacional, em que participariam as equipas regionais seniores - inclusivamente as do Marítimo, União e Nacional. Isto permitiria reavivar a paixão e as rivalidades saudáveis que o futebol regional teve noutros tempos e, ao mesmo tempo, contribuir para a dinamização da vida económica dos vários concelhos através das ‘romarias’ aos campos de futebol que os clássicos regionais costumavam dar origem.

Julgo que esta estratégia permitiria simultaneamente reduzir drasticamente custos financeiros e, igualmente importante, dar mais e melhores oportunidades aos atletas madeirenses, em vez de estarmos a patrocinar brigadas de atletas estrangeiros.

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quarta-feira, abril 04, 2012

Uma Madeira Virtual

As drásticas medidas de austeridade, ‘cozinhadas’ entre os Governos da República e da RAM, ainda não foram todas implementadas na RAM e a situação de crise só não é evidente para quem não queira ver: diariamente surgem notícias de falências e fechos de empresas e a taxa de desemprego é já assustadora – e pior – como uma tendência para continuar a crescer.

Contudo, e ao contrário do que seria razoável de esperar mas infelizmente já é hábito, o PSD-M e o seu governo continuam a tentar negar as evidências e a culpar tudo e todos – menos eles próprios que sempre governaram a RAM – por esta situação. O problema é que hoje não há como fazer com que os Madeirenses não vejam ou sintam na pele todos os efeitos devastadores de uma política económica desastrosa e errada: em todas as famílias há situações de desemprego e de dificuldades!

E assim todo este castelo de nuvens criado ao longo de décadas pelo PSD-M se dissipa e mostra claramente a realidade: na Madeira adoptou-se uma estratégia de crescimento que não era sustentável mas apenas alimentada pelo acesso fácil ao crédito; com o fim do acesso a esse crédito o governo regional demonstra uma completa incapacidade para lidar com a realidade e criar uma nova estratégia adequada a estes novos e difíceis tempos…

É aliás curioso verificar que a oposição – que sempre foi insultada e desvalorizada pelo PSD-M e sobretudo pelo seu líder como sendo ignorante e incompetente, tentando criar uma falsa imagem que fora do PSD-M o panorama político regional era um deserto – estava afinal correcta no seu diagnóstico sobre o que seria o futuro da região se o PSD-M mantivesse o mesmo rumo. Estar certo nestas circunstâncias não dá nenhuma alegria mas é bom lembrar para que ninguém tente apagar da memória colectiva como chegamos até aqui…

A pergunta que cada Madeirense deve fazer e tentar responder a si mesmo é: afinal onde estava a incompetência e a irresponsabilidade?
Para mim a resposta é óbvia: se é isto o melhor que o PSD-M sabe fazer, que venham outros quaisquer porque – como diria o famoso comediante brasileiro Tiririca – pior que está não fica!

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sexta-feira, março 16, 2012

(Des)Interesse Público

O recente caso político da demissão do Secretário de Estado da Energia na sequência do estudo sobre as ‘rendas excessivas’ dos produtores de energia eléctrica, veio mostrar de forma inequívoca que este Governo não está em funções para defender o interesse público.

Senão vejamos : na sequência do acordo efectuado com a ‘troika’ foi identificado aquilo que a ‘troika’ considerou ‘rendas excessivas’ nos subsídios aos produtores de electricidade – ou seja pagamentos que compensavam em excesso os custos dessa produção – e, como tal, ficou definido que essa situação tinha de ser corrigida.

O ex-Secretário de Estado encomendou então um estudo a uma consultora internacional que calculou essas ‘rendas’ como sendo de cerca de 4 mil milhões de euros - e em que a EDP recebia uma boa fatia deste valor – e anunciou a sua intenção de mudar drasticamente este esquema de subsidiação para a produção de energia eléctrica.

A reacção do responsável máximo da EDP, relativamente a esta possibilidade de ver reduzidos os
subsídios para produção, foi duríssima pondo em causa o qualidade do estudo, o secretário de estado e o próprio Governo. No fundo o homem da EDP agiu como se a empresa que ele dirige estivesse acima do Estado e do interesse público.

Que o líder de uma empresa tente defender os interesses da sua empresa e condicionar um Governo ainda se pode compreender mas o que já é inaceitável é que, na sequência dessas pressões, um Governo ceda e force a saída do seu membro com a respectiva tutela!

E aqui é que se nota os dois pesos e as duas medidas na governação: relativamente ao cidadão comum o Governo não teve nenhum problema em cortar subsídios, salários e pensões, mas quando confrontado com interesses instalados e ilegítimos das grandes empresas cede de forma vergonhosa.

É intolerável que numa situação de emergência nacional como a que atravessamos, os sacrifícios não sejam distribuídos de forma justa e equitativa. Pior: este Governo coloca todo o peso dos sacrifícios nos cidadãos mais fracos e protege grandes empresas – com lucros imensos – de verem aumentadas minimamente a sua contribuição! Nem mesmo com a bênção da ‘troika’…

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domingo, outubro 09, 2011

Eleições Regionais 2011: Que futuro para estes dirigentes do PS-M?

Que melhor prova do total desnorte dos actuais responsáveis do PS-M que as declarações feitas por Jacinto Serrão e Maximiliano Martins? Como é possível afirmar que os eleitores é que não compreenderam as suas propostas?? Se existe responsabilidade é exactamente destes responsáveis políticos que tinham de dar o litro para explicar claramente as suas ideias aos Madeirenses e não o fizeram!

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Eleições Regionais 2011: Machico dá mais uma lição democrática!

Está confirmado! A oposição em Machico obtém a maioria dos votos derrotando o PSD-M de forma inapelável...

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Eleições Regionais 2011

A contagem dos votos ainda não está concluída mas tudo indica que o PS-M caí para a terceira força na RAM enquanto o CDS, capitalizando votos do PSD-M e menor escala também do PS, sobe para maior partido da oposição.

Neste momento ainda não é certo que o PSD-M perca a maioria absoluta...resta esperar que sim. Aqui Funchal, Santa Cruz e Machico serão determinantes.

Uma vez mais Machico demonstra o seu enorme sentido democrático infligindo uma derrota ao PSD-M: ao que tudo indica a oposição no concelho no seu todo tem mais votos que o PSD-M!

Continuo a seguir a contagem dos votos atentamente...

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domingo, março 20, 2011

Romeu e Julieta: o bailado


Tive o prazer de assistir ontem à noite e recomendo vivamente!

Mini Meia-Maratona de Lisboa



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quarta-feira, março 16, 2011

A Luta na Eurovisão

A crise económica está a ter um forte impacto na sociedade portuguesa devido, sobretudo, ao significativo aumento da taxa de desemprego mas, também, devido aos sucessivos pacotes de austeridade que vêm reduzindo os rendimentos de muitos e criando noutros o receio que possam ser atingidos.

Toda esta situação tem criado um certo clima de insatisfação e agitação que se torna cada vez mais palpável.

É neste clima que decorreu o concurso para o Festival Eurovisão da Canção que, talvez surpreendentemente, resultou na vitória dos Homens da Luta. Parece-me evidente que muitos portugueses viram nessa eleição uma forma de expressar o seu desagrado sobre a situação do país.

Mas o mais ridículo foram as reacções por parte das pseudo-elites portuguesas que argumentavam que este resultado demonstrava que Portugal tinha batido no fundo.
Parece-me caricato que num País onde prospera a corrupção, onde casos como os do BPP e do BPN se arrastam sem rasto do dinheiro nem de culpados, onde a Justiça não actua ou actua de modo diferente conforme o arguido, onde o compadrio e a cunha ultrapassa o mérito, alguém minimamente inteligente acredite mesmo que é o resultado de um concurso - a quem poucos prestam a mínima atenção – que irá denegrir a imagem de Portugal!

Para que Portugal e a sua imagem melhorem o que é realmente preciso é mudar o que está tão obviamente mal e não se preocupar se mandamos uma qualquer cançãozinha politicamente incorrecta a um concurso que em toda a Europa é olhado com desprezo por avaliar tudo menos a qualidade musical das canções que se apresentam a concurso…

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segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Corporativismo na Ordem dos Engenheiros

Em meados de 2010 através de um processo político com contornos algo duvidosos a tutela das Infraestruturas de Telecomunicações em Edifícios (ITED) passou da Anacom para a Ordem dos Engenheiros (OE).

Pouco tempo depois foi criado um decreto-lei que obrigava os projectistas ITED então inscritos na Anacom a efectuar um curso de 'actualização' - cujo valor ronda os 500 euros - para poderem continuar a efectuar os respectivos projectos.

Ou seja, devido a um processo burocrático e administrativo de mudança de tutela, os projectistas vêem-se na obrigação de despender uma quantia significativa para a realização de uma formação obrigatória sem antes ser feita qualquer avaliação dos seus conhecimentos. E isto numa altura de crise que afecta sobremaneira a área da construção e, em consequência, o número de novos projectos ITED.

Esta forma de actuar da OE demonstra claramente que está mais interessada noutros objectivos - quiçá financeiros - que no objectivo da melhoria da qualidade dos projectos ITED.

Naturalmente que a constante actualização de conhecimentos deve ser uma preocupação de qualquer projectista mas se fosse essa a preocupação da OE o que tinha a fazer era obrigar à realização de um exame com um custo acessível - no máximo 50 euros - e então só os projectistas que 'chumbassem' no exame é que teriam de efectuar o tal curso de formação.

Esta fórmula demonstraria da parte da OE um verdadeiro interesse em melhorar a qualidade dos projectistas sem no entanto criar um custo que considero excessivo para os mesmos! Sobretudo sendo estes os mesmos projectistas que, sob a tutela da Anacom, têm efectuado inúmeros projectos cuja qualidade foi validada pela emissão da respectiva certificação.

Recentemente o ministro Mariano Gago insurgiu-se contra as Ordens por estas apenas tentarem limitar o acesso ao mercado de trabalho sob o falso pretexto de apenas quererem garantir a qualidade e a deontologia.

As Ordens insurgiram-se contra as declarações do Ministro mas este tipo de medidas e de atitudes vem claramente dar razão ao governante.

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