sábado, novembro 19, 2005

A lenda propriamente dita



A LENDA DE MACHIM

Muitos documentos antigos e relatos de viagens falam desta linda história de amor.

Machim era um jovem e belo cavaleiro inglês, forte e corajoso, mas sem fortuna. Apaixonou-se por uma menina da alta nobreza chamada Ana d’Arfet. Ela correspondia ao seu amor. Enviavam mensagens um ao outro por uma ama e combinavam encontros secretos. Andavam tão entusiasmados que não conseguiam esconder o que sentiam e, a certa altura, os pais dela descobriram e rebentou um escândalo, pois o casamento entre eles não era possível visto que ela pertencia a uma classe social superior à de Machim.

Os pais conseguiram que o próprio rei de Inglaterra arranjasse um noivo de alta linhagem para casar com a filha. Ana não teve outro remédio senão obedecer aos pais, mas não se conformou. Machim, como era um homem de acção, não desistiu do seu amor e, com a ajuda de amigos e parentes, traçou um plano de fuga para França.

No maior segredo, mandou-lhe a proposta pela ama do costume, marcando-lhe encontro no porto da cidade de Bristol. Aí embarcariam num navio de mercadores, quando a tripulação estivesse em terra. Ana aceitou. Fugiu de casa de madrugada, levando consigo apenas um crucifixo e as suas jóias.

Machim e os companheiros esperavam-na num batel e, mal ela chegou, remaram para um navio que estava parado e sem ninguém, soltaram logo a vela e fizeram-se ao mar.

Uma tempestade enorme arrastou-os para o largo, e como não tinham com eles piloto, perderam-se e andaram à deriva, ao sabor do vento e das correntes. Passados alguns dias avistaram uma terra desconhecida, toda coberta de arvoredo, mas desabitada. Aí deitaram âncora numa grande enseada e desembarcaram.

A partir daqui há duas versões da história: uma termina bem e a outra, pelo contrário, resulta numa tragédia:

Primeira versão:

Os dois apaixonados encontraram abrigo num enorme tronco oco de uma árvore, água com abundância e frutos silvestres para matar a fome. Na manhã seguinte descobriram que o barco e os companheiros tinham desaparecido, talvez levados pelo vento ou por algum encanto. Mas não se importaram: estavam juntos, tinham um abrigo e podiam construir mesmo uma cabana onde viver, não lhes faltava comida e água...

O local onde o parzinho desembarcou e viveu veio a chamar-se Machico em homenagem a Machim.

Segunda versão:

Ana desembarcou na ilha porque se encontrava doente de tão enjoada, pois a viagem tinha sido terrível. Machim resolveu então que ficariam ali alguns dias para descansarem antes de prosseguirem viagem. Ana e Machim não precisaram de construir qualquer abrigo porque encontraram uma enorme árvore oca, tão espaçosa que puderam pernoitar nela.

Mas na terceira noite que lá passaram levantou-se um vento tão forte que o barco se soltou e partiu, levando a maioria dos companheiros, que nada puderam fazer senão deixar-se arrastar.

Na ilha, verificando o desaparecimento da nau, Ana d’Arfet entrou num tal desespero que nunca mais falou e morreu passados poucos dias.

Machim, louco de dor, pediu aos poucos companheiros que tinham ficado na praia que partissem no pequeno barco a remos que lhes restava e que tentassem alcançar terra. Ele queria morrer ali e ficar sepultado ao pé da sua amada, pois a vida já não lhe interessava. Os amigos ficaram com ele, sempre a tentar convencê-lo a partir também, mas, passados uns dias, Machim morreu. Colocaram as duas sepulturas uma ao lado da outra, encimadas por uma cruz, e lá partiram à aventura, em demanda do continente.

Conclusão:

O final desta história é mais ou menos idêntico para as duas versões: os companheiros de Machim , levados por correntes marítimas, foram dar a terras árabes e aprisionados. Entre os cativos encontravam-se marinheiros castelhanos e/ou portugueses que tomaram conhecimento desta aventura. Mais tarde foram libertados ou capturados por barcos portugueses e um deles ter-lhes-á contado a história.

Há uma versão que diz mais: terá sido o próprio João Gonçalves Zarco o capitão do navio que teve conhecimento destes factos e terá entusiasmado o Infante D. Henrique, que se encontrava em Sagres, a irem em busca dessa terra para dela tomarem posse. Assim se fez, com autorização do rei D. João I.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

A nossa lenda é mesmo interessante :P

11:51 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

best regards, nice info Sito lamborghini

10:44 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Amo essa história, realmente com a Ilha da Madeira como pano de fundo, não poderia ter uma história de amor melhor que marcasse tanto esse paraíso...muito romântica...quantas gaivotas já não voaram para lá em busca de histórias de suas histórias...

Cris D'Arfet

1:58 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Amo essa história, realmente com a Ilha da Madeira como pano de fundo, não poderia ter uma história de amor melhor que marcasse tanto esse paraíso...muito romântica...quantas gaivotas já não voaram para lá em busca de histórias de suas histórias...

Cris D'Arfet

1:58 da tarde  

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