segunda-feira, março 13, 2006

Energia Nuclear




A energia nuclear está em discussão em Portugal após a proposta de Patrick Monteiro de Barros para a construção de uma central nuclear para a produção de electricidade.

As questões da energia nuclear nunca foram pacíficas pois a mesma tem várias vantagens e um igual número de desvantagens. Urge no entanto discutir com seriedade estas questões por forma a se poder tomar uma decisão fundamentada.

A situação económica de Portugal, associada ao facto de o nosso país não possuir fontes de combustíveis fósseis (carvão, gás ou petróleo), torna essêncial traçar uma política energética que tenha em conta todas as alternativas e não ignore nenhuma solução apenas por questões de dogma.

A solução nuclear apresenta: uma solução de maior longo prazo que as soluções tradicionais baseadas em petróleo e carvão; uma muito maior capacidade de produção de energia; as centrais nucleares têm uma muita menor taxa de emissão de agentes contaminantes, incluindo os famosos gases de estufa.

Estas vantagens não devem contudo omitir as seguintes realidades: a inexistência para já de qualquer forma de tratar os resíduos resultantes da fissão nuclear; a perigosidade para o ambiente de uma eventual, embora rara, falha numa central nuclear; o facto das centrais nucleares, mesmo as de última geração, durarem apenas cerca de 50 a 60 anos (findo este período é necessário lidar com toda a questão do desmantelamento da central...).

Todas estas questões são válidas e devem ser tidas em conta numa discussão séria e científica. O que não se pode fazer é cair no discurso fácil, nem de um lado nem de outro.

Um exemplo desse tipo de discurso é o da Quercus, organização ambiental da qual já fui membro, que, após se ter tornado público o interesse neste tipo de projecto, veio lembrar o enorme potêncial em Portugal das energias renováveis, nomeadamente as soluções hídricas! Eu até concordo com a existência desse potêncial mas vindo de uma organização que constantemente boicota a construção de barragens, tenham dó!!!

É preciso evitar que Portugal, à imagem do que sucedeu com a Itália, se torne presa destas organizações que, sistematicamente, boicotam toda e qualquer tentativa de desenvolver uma política de desenvolvimento sustentável e séria. Se assim não for ainda nos acontecerá, tal como em Itália, sermos obrigados a cortar o fornecimento de electricidade a uma cidade por dia, por falta de planeamento e de capacidade de produção de elecricidade.

Por fim gostaria apenas de relatar uma das últimas reuniões que tive na Quercus: eu pertencia ao Núcleo de Conservação da Natureza de Lisboa e estavamos, nesse dia, a falar sobre o desenvolvimento sustentado e das possibilidades de produção de energia que fossem o mais 'environement friendly' possível. O responsável de então pelo núcleo era contra todas as alternativas: a energia eólica matava os passarinhos; as barragens destruiam os ecossistemas e por aí fora. Claro que quando acabou a reunião essa pessoa agarrou no seu carrinho e voltou para casa...

Não quero com este post insinuar que todos os ambientalistas são como este dirigente. Conheci pessoas muito válidas na Quercus mas, mesmo assim, devemos tentar estar o mais informados possível sobre estas questões e não cair no 'conto do vigário energético', nem de um lado nem do outro...

1 Comments:

Blogger Tino said...

Os ambientalistas começam a ter uma conotação negativa, principalmente porque o seu financiamento é tudo menos transparente.
Aquando do desmantelamento de uma plataforma petrolifera da Shell a Greenpeace desenvolveu uma campanha que fez baixar as vendas da Shell na Alemanha em 50%. Existem suspeitas que fora uma concorrente da Shell (BP se não estou em erro) que financiou essa campanha. Além disso verificou-se que o desmantelamento da tal plataforma era a alternativa ecologicamente mais sensata.

2:06 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home