sábado, maio 30, 2009

Gasoduto na África Oriental



De acordo com a West African Gas Pipeline Company o gasoduto internacional da África Oriental, que liga a Nigéria ao Gana passando pelo Benim e pelo Togo, estará pronto até ao final do ano.

O gasoduto passará em grande parte pelas águas ao largo da costa dos quatro países e terá 678 quilómetros de comprimento.

Trata-se uma cooperação relevante entre estes países cujo elevado investimento eu espero que possa contribuir para o continuar da estabilização do ambiente político e social que já se verifica naquela região.

De facto sou da opinião que uma das melhores formas para estabilizar politicamente África é através da criação de interesses económicos comuns entre os países vizinhos.

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2 Comments:

Blogger il _messaggero said...

Discordo. Creio que é algo redutor reduzir a análise apenas aos países, sabendo-se que a consolidação interna dos mesmos ainda não está plenamente completa. Realce aqui para o caso da Nigéria, que tem imensos problemas de coesão nacional.

Creio que este oleoduto serve acima de tudo os interesses dos países importadores, em espacial os EUA, que têm desde há uns anos a esta parte, procurado diversificar as proveniências do petróleo que importa (relembre-se as visitas e o interesse de Bush em África em 2004).

O seu raciocínio teoricamente está correcto, mas esbarra com os graves problemas de coesão interna de vários países. Aliás, voltando à Nigéria, o petróleo está por detrás de muito movimentos secessionistas de partes do país.

Há que ter em conta que o conceito de estado e o sistema de relações entre os mesmos é uma criação essencialmente europeia e ocidental. Aquando da onda de descolonização africana, os novos estados mantiveram as anteriores divisões feitas a regra e esquadro durante a Conferência de Berlim em final de séc.XIX. Aliás, não só tiverem que manter as fronteiras, como tiveram na maioria dos casos, que manter a língua da potência colonial, face à profusão de diferentes povos e línguas locais existentes, procurando assim criar um artificial sentimento nacional - muitas vezes em volta do carisma de um líder forte. Daí também em parte a existência de autocracias fortes, que na sua maioria redundaram em regimes cleptocratas, beneficiando as elites satisfeitas com o status quo, sendo toleradas pelo Ocidente, primeiro num contexto de Guerra Fria, depois verificando que só assim era possível haver uma situação estável - relembro que as guerras regionais em África disparam na década de 90, com o fim da guerra fria.

2:09 da tarde  
Blogger Michelangelo said...

Não podia discordar mais dessa sua visão!

Primeiro, o gasoduto serve apenas para o fornecimento de gás aos países em causa...os EUA não têm qualquer ligação com o projecto. Pelo contrário o gasoduto permite expandir o mercado africano (em vez de poder apenas servir a própria Nigéria o gás passa a poder ser exportado para os países vizinhos) e dessa forma diminuir o poder dos importadores ocidentais, nos quais se inclui os EUA.

Segundo, não faz qualquer sentido a ideia de esperar por uma suposta consolidação interna dos países antes de avançar com este tipo de investimento.

Terceiro, obviamente que não quis dizer que o gasoduto, por si só, resolveria qualquer problema de ordem social ou política. Mas também parece-me evidente que este tipo de investimento contribui para uma maior aproximação dos respectivos países: a Nigéria não tem qualquer interesse que ocorram problemas internos nesses países pois isso teria um impacto negativo na rentabilidade do gasoduto e nas suas exportações e, da mesma forma, para os seus vizinhos interessa que aja paz e estabilidade na Nigéria por forma a que o fornecimento de gás não seja interrompido. E é esta simbiose e criação de interesses mútuos que ajudam a promover um espírito de estabilidade regional.

Por último acho desconcertante a sua afirmação de que 'na sua maioria redundaram em regimes cleptocratas, beneficiando as elites satisfeitas com o status quo, sendo toleradas pelo Ocidente, primeiro num contexto de Guerra Fria, depois verificando que só assim era possível haver uma situação estável - relembro que as guerras regionais em África disparam na década de 90, com o fim da guerra fria': essas situações não foram toleradas mas sim incentivadas pelas potências ocidentais! África foi e ainda é vista como a mina de recursos naturais que o ocidente precisa e a forma de manter esses recursos baratos é incentivar os problemas internos! Quer os EUA quer a antiga URSS quer, em certa medida, a própria França foram apoiando ora umas facções ora outras por forma a manter os conflitos sempre activos e, dessa forma, terem o acesso aos recursos o mais barato possível.

Como é óbvio uma situação de estabilidade apenas contribuiria para uma subida dos preços desses recursos, o que não interessava nem interessa às potências ocidentais.

E a melhor forma para vencer os interesses de certos grupos ocidentais é os países africanos criarem mercados regionais que os tornem menos dependentes das exportações para o Ocidente, tal como irá acontecer com o referido gasoduto.

4:56 da tarde  

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