OTA ou a arte do mau planeamento?
Há alguns dias atrás assisti a um debate sobre o novo aeroporto internacional de Lisboa, na Sic Notícias, onde foram convidados apenas técnicos.
Foi, em minha opinião, um debate extremamente esclarecedor. Um dos pontos que julgo particularmente interessante foi saber que, na fase de análise das várias especialidades (hidraulica, estrutura, aviação aérea, ambiente, etc) das duas opções finais (OTA e Rio Frio), o primeiro ponto ponderado, e que excluiu Rio Frio, foi o estudo de impacto ambiental.
Ou seja, em vez de se estudar paralelamente as várias especialidades e no fim fazer um balanço global de cada uma das 2 soluções, o impacto ambiental foi o único considerado e que ditou a solução da OTA! Mesmo que a OTA tivesse problemas hidraulicos (como tem) que tornassem a solução, suponhamos, 100 vezes mais onerosa, não teria qualquer impacto na solução...
Ainda nesse debate, foi possível perceber que os problemas existentes na OTA são solucionáveis. Mas o problema é que, como não foi estudada paralelamente a solução de Rio Frio, não se sabe se essas soluções são mais caras ou mais baratas que as soluções para os problemas de Rio Frio (também existentes).
Entretanto, noutros debates, tem sido referido frequentemente os vários estudos efectuados, dando a ideia que é dinheiro mal gasto. Sou da opinião que mais vale gastar mais 1 ano em estudos e na avaliação de uma outra localização e chegar a uma solução e a um projecto mais eficiente e que minimize os imprevistos, do que avançar rapidamente para a construção na OTA e, nessa fase, nos depararmos com problemas desconhecidos que causem a derrapagem temporal e financeira do projecto.
Os problemas típicos dos grandes projectos em Portugal têm se ficado a dever, sobretudo, a estudos incompletos e planeamentos imperfeitos.
Uma outra questão que eu coloco é se faz sentido fechar o aeroporto de Portela ou se devia continuar em funcionamento para voos domésticos e regionais. Faz sentido os voos Porto-Lisboa, por exemplo, que demoram cerca de meia-hora, irem para a OTA que dista mais de 50Km de Lisboa?
De acordo com o primeiro-ministro os estudos efectuados indicam que os custos associados à continuação em funcionamento da Portela são superiores às vantagens. Tenho de consultar a página da Naer para consultar esse estudo...
Outra questão que tem sido levantada sistematicamente é a do novo aeroporto não se adaptar às exigências e preferências das companhias aéreas de low-cost. Aparentemente estas companhias procuram aeroportos que garantam os menores custos globais de utilização possíveis para maximizarem os seus lucros. Sobre esta questão não sei se existe algum estudo mas, uma vez que a quantidade de passageiros das low-cost continuam a aumentar exponencialmente, julgo ser uma questão com a sua relevância.
Em conclusão, pode-se afirmar que a única coisa que gera total concordância entres os técnicos é a necessidade de construir um novo aeroporto.
De acordo com o Governo a OTA é uma escolha irreversível e terá de avançar no segundo semestre de 2007. Só espero, pelo nosso bolso, que a pressa não venha a originar o deslizamento do projecto no tempo, com a correspondente subida do custo de mega-projecto...
Foi, em minha opinião, um debate extremamente esclarecedor. Um dos pontos que julgo particularmente interessante foi saber que, na fase de análise das várias especialidades (hidraulica, estrutura, aviação aérea, ambiente, etc) das duas opções finais (OTA e Rio Frio), o primeiro ponto ponderado, e que excluiu Rio Frio, foi o estudo de impacto ambiental.
Ou seja, em vez de se estudar paralelamente as várias especialidades e no fim fazer um balanço global de cada uma das 2 soluções, o impacto ambiental foi o único considerado e que ditou a solução da OTA! Mesmo que a OTA tivesse problemas hidraulicos (como tem) que tornassem a solução, suponhamos, 100 vezes mais onerosa, não teria qualquer impacto na solução...
Ainda nesse debate, foi possível perceber que os problemas existentes na OTA são solucionáveis. Mas o problema é que, como não foi estudada paralelamente a solução de Rio Frio, não se sabe se essas soluções são mais caras ou mais baratas que as soluções para os problemas de Rio Frio (também existentes).
Entretanto, noutros debates, tem sido referido frequentemente os vários estudos efectuados, dando a ideia que é dinheiro mal gasto. Sou da opinião que mais vale gastar mais 1 ano em estudos e na avaliação de uma outra localização e chegar a uma solução e a um projecto mais eficiente e que minimize os imprevistos, do que avançar rapidamente para a construção na OTA e, nessa fase, nos depararmos com problemas desconhecidos que causem a derrapagem temporal e financeira do projecto.
Os problemas típicos dos grandes projectos em Portugal têm se ficado a dever, sobretudo, a estudos incompletos e planeamentos imperfeitos.
Uma outra questão que eu coloco é se faz sentido fechar o aeroporto de Portela ou se devia continuar em funcionamento para voos domésticos e regionais. Faz sentido os voos Porto-Lisboa, por exemplo, que demoram cerca de meia-hora, irem para a OTA que dista mais de 50Km de Lisboa?
De acordo com o primeiro-ministro os estudos efectuados indicam que os custos associados à continuação em funcionamento da Portela são superiores às vantagens. Tenho de consultar a página da Naer para consultar esse estudo...
Outra questão que tem sido levantada sistematicamente é a do novo aeroporto não se adaptar às exigências e preferências das companhias aéreas de low-cost. Aparentemente estas companhias procuram aeroportos que garantam os menores custos globais de utilização possíveis para maximizarem os seus lucros. Sobre esta questão não sei se existe algum estudo mas, uma vez que a quantidade de passageiros das low-cost continuam a aumentar exponencialmente, julgo ser uma questão com a sua relevância.
Em conclusão, pode-se afirmar que a única coisa que gera total concordância entres os técnicos é a necessidade de construir um novo aeroporto.
De acordo com o Governo a OTA é uma escolha irreversível e terá de avançar no segundo semestre de 2007. Só espero, pelo nosso bolso, que a pressa não venha a originar o deslizamento do projecto no tempo, com a correspondente subida do custo de mega-projecto...
Etiquetas: Economia
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