Existirá um cartel nas gasolineiras?
Este trata-se de um caso clássico dos manuais da Economia.
Porque é que tanta boa gente, razoavelmente informada, acha estranho o que se passa com os preços das gasolinas nas bombas portuguesas? Serão somente gente desconfiada?
Vejamos que não:
Suponhamos que estamos na presença de um oligopólio, ou seja, um número reduzido de empresas controlam uma parte substancial do mercado.
A teoria aqui apresentada (Kinded Demanded Theory of Oligopoly) assenta em duas suposições:
1- Se uma das empresas reduzir o preço as outras são 'obrigadas' a seguir essa baixa de preço para evitar perderem clientes para a primeira.
2- Se, pelo contrário, uma das empresas subir o preço, as suas rivais não irão acompanhar essa subida na esperança de assim ganhar clientes da primeira empresa.
Ou seja, se uma das empresas subir o preço isso resultará uma descida significativa do seu nível de vendas uma vez que uma boa parte dos seus clientes irão mudar para as concorrentes.
Por este razão as empresas serão particularmente cautelosas quando decidem uma subida de preço.
Pelo contrário, se a empresa decidir reduzir o seu preço isso irá conduzir apenas a um pequeno aumento nas vendas porque as concorrentes irão também acompanhar essa descida por forma a não perderem quota de mercado. Por esta razão tipicamente também não ha muito interesse por parte das empresa neste tipo de mercado em baixarem o preço: não têm muito a ganhar...
Isto seria o expectável num oligopólio em que não houvesse acordos ou formação de cartéis entre as empresas que, a propósito, são ilegais também na lei portuguesa.
E é por isto que, em qualquer parte do mundo, quando se detecta um determinado mercado, como o das bombas de gasolina, em que as empresas de forma simultânea decidem subir o preço, disparam os sinais de alarme: a não ser que as empresas estivessem a agir de acordo não haveria interesse para as outras empresas em seguir a subida do preço da empresa inicial, como foi discutido anteriormente!
Etiquetas: Economia
8 Comments:
O mesmo se passa nas redes de telemóveis, e nos acessos à internet (casos, em meu entender, de preços demasiado altos para o serviço que prestam)
Luís Filipe Malheiro (LFM) apanhado a mentir (outra vez!):
Era bom que o Senhor jornalista LFM (parece que é o que quer ser - ou então anda a dar "graxa" aos jornalistas - até porque enquanto chefe de gabinete fica muito distante do razoável) explicasse o que é que foi inventado sobre o banco Efisa (que foi vendido ao BPN) na Madeira. Tudo o que conhecemos são factos e não invenções. É verdade ou não? O banco Efisa está instalado na Sucursal Financeira Off-shore? Está. Não existe uma lei que obriga a que haja uma instalação própria, com recursos humanos, às instituições aí instaladas ? Sim. E o banco Efisa cumpre esses requisitos? Não. Portanto não percebo onde está a invenção. Além disso, a lei não obriga a existência de concurso pública para operações de crédito daquela natureza, efectuadas pelo banco Efisa? Sim. E existiram? Não. Portanto não percebo onde está a invenção. E, além disso, não é verdade que a Zarco Finance (propriedade de entidades públicas) tem previsto uma margem de lucro? Sim. E faz sentido? Não. E não é necessário esclarecer? Parece óbvio. E, finamente, não existem relações evidentes entre deputados e este banco? Parece que sim, onde até o balcão (ilegal) do banco é no escritório de uma sociedade de advogados /deputados. Não será útil esclarecer? Não considera relevante esta "descoberta" que nos surpreende a todos, mesmo um jornalista REFORMADO mas pouco defensor da investigação e fervoroso adepto da intoxicação informativa?
Portanto, diga-me Senhor jornlista LFM o que é bom para a Madeira? Manter as desconfianças, as dúvidas (ou muito mais do que isso)? Deixar tudo como está? Potenciar o eventual tráfico de influências? Manter a falta de transparência, sem nenhum reparo com prejuízo para os madeirenses? Isso é proteger a Madeira? É isso que é ético? É isso que o Senhor Jornalista LFM defende?
in
www.apontamentossemnome.blogspot.com
O PND-M já tem um canal no youtube:
http://www.youtube.com/user/pndmadeiraetv
Veja a versão não censurada das intervenções de José Manuel Coelho!
Haveria muito a dizer no entanto só quero chamar a atenção para o facto das gasolineiras adquirirem em Portugal os combustíveis ao mesmo fornecedor (GALP) e terem custos de exploração muito semelhantes pelo que é normal que façam preços semelhantes. De qualquer forma não haveria interesse em uma gasolineira baixar os preços (comparativamente) pois os clientes maioritariamente não mudam por causa de 2 céntimos e porque essa baixa não conduziria a um aumento nos consumos dos seus clientes. As pessoas não gastam significativamente mais em combustível só porque este é mais barato!
Caro amsf,
De facto muito mais havia a dizer sobre este tema mas o que foi retratado neste post é a teoria clássica no caso de um oligopólio.
Naturalmente que o combustível é um produto relativamente inelástico pois mesmo quando o preço sobe, uma vez que os produtos substitutos são poucos, o consumo desce em menor proporção...mas não deixa de descer!
Apesar da característica inelástica do combustível as decisões estratégicas retratadas no post continuam a se aplicar: num mercado em que os oligopolistas não estão em conluio, eles tentam sempre aumentar a sua quota de mercado e portanto têm muita relutância em subir os preços e quando um decide baixar os preços os outros tendem também a acompanhar essa descida.
Apesar de na Madeira não existirem gasolineiras associadas às grandes superfícies, basta uma ida a uma destas gasolineiras do continente durante um fim-de-semana para se aperceber que as pessoas reagem fortemente aos preços mais baixos lá praticados: as filas duram horas! Do mesmo se queixam as gasolineiras nas zonas fronteiriças...
Aliás a própria característica inelástica dos combustíveis fazem com que as pessoas procurem os preços mais baratos: uma vez que as pessoas geralmente não podem abdicar do consumo, tentam encontrar as soluções mais económicas.
Por fim gostaria de referir que apesar de não serem abundantes os produtos alternativos existem. Existem também opções para tentar consumir menos combustível: muitos já deixam os carros na garagem e optam pela utilização dos transportes públicos, por exemplo.
As grandes superfícies podem fazer preços tão favoráveis, suponho eu, porque o seu negócio não é a venda de combustível mas outros bens. O combustível será apenas uma técnica de marketing!
Estava eu com receio de utilizar linguagem e argumentos técnicos quando recebo uma resposta cheia deles! É o que acontece quando não se conhece as pessoas com quem estamos a "falar"!
Caro amsf,
Espero que não leve a mal o conteúdo da resposta anterior pois aprecio os seus comentários e as reflexões críticas normalmente associados.
O conteúdo relativamente técnico deve-se apenas ao facto do seu comentário me ter permitido reflectir um pouco mais sobre o assunto.
Não se trata de nenhuma tentativa arrogante de jogar termos técnicos para a discussão com o objectivo de menosprezar o que disse, pois muito do que disse é particularmente relevante!
Afinal ninguém sabe tudo e estamos sempre a aprender com todas as pessoas...se para tal estivermos abertura de espírito! :)
Caro Michelangelo
Devo ter-me expressado mal...o meu último comentário era um elogio. Frequentemente abdico de utilizar linguagem técnica, a sua utilização facilita a argumentação, com medo de não compreendido!
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