quinta-feira, julho 08, 2010

A Singapura do Atlântico

O Dr. Alberto João Jardim (AJJ) tem repetidamente ao longo dos últimos anos sugerido que a Madeira devia ser ‘a Singapura do Atlântico’.

Antes de mais convém lembrar que Singapura, graças a uma estratégia baseada na educação e indústria (sobretudo nos sectores da electrónica, refinação de petróleo, produtos químicos e ciências biomédicas), se transformou em poucas décadas num dos países do mundo com maior rendimento per capita.

Apesar desta ideia de AJJ ter sido bastante ridicularizada por ter sido vista por pessoas sem ambição nem visão como um delírio, pessoalmente achei que era uma ideia com o potencial de pelo menos fazer pensar na estratégia de crescimento de longo prazo para a região e estabelecer uma visão do que se pretendia para o nosso futuro.

Na minha opinião numa região com parcos recursos naturais como a Madeira a maior riqueza está nos seus recursos humanos e, como tal, os investimentos para a criação de um sistema de educação de excelência são cruciais para maximizar o potencial existente.

Mas tais investimentos têm de ter um retorno palpável e efectivo e assim julgo que seria necessário assumir com coragem e ambição objectivos claros que pudessem ser verificáveis facilmente. Sugiro, por exemplo, que se estabelecesse uma meta para que em 5 anos os resultados nas provas nacionais das escolas madeirenses estivessem acima da média nacional e que a Universidade da Madeira estivesse colocada nos rankings publicados pelo Ministério da Educação entre as 3 melhores universidades portuguesas.

Em termos das áreas de indústria a investir sou da opinião que as Tecnologias de Informação e as Ciências Biomédicas são as mais prioritárias pois são as que permitem mais facilmente que uma região como a Madeira possa criar um cluster de empresas que associadas à Universidade possam criar produtos e serviços exportáveis para qualquer parte do mundo.

Naturalmente que para competir a nível global em áreas tão competitivas como as que referi, em que não há espaço para amadorismos nem favorecimentos nem incompetências, é necessário que o mérito, a competência e o conhecimento sejam os únicos critérios a ter em conta em todas as decisões.

Investimentos deste calibre têm custos financeiros elevados pelo que será necessário naturalmente redireccionar verbas de outras áreas. Talvez, em vez de investirmos milhões no futebol profissional para os clubes contratarem jogadores estrangeiros e onde o retorno é altamente duvidoso, se pudesse usar essas verbas para atrair os melhores investigadores nas áreas referidas para a Universidade da Madeira e assim os nossos alunos universitários pudessem aprender com os melhores cérebros.

Evidentemente que toda esta estratégia e a respectiva implementação é árdua e necessita de investimentos contínuos durante um longo prazo e um controlo rigoroso dos resultados que vão sendo obtidos.

Agora o que não se pode é querer que a Madeira se torne na ‘Singapura do Atlântico’ e estar à espera que isso aconteça por obra do Espírito Santo.

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1 Comments:

Blogger Paulo Farinha said...

Eu gostaria que mais madeirenses tal como o Miguel Santos se interessassem mais pelo desenvolvimento económico da Madeira no contexto da Macaronésia "Singapura do Atlântico".
Gostei deste artigo
Em prol da Madeira e dos 3 restantes Arquipélagos da Macaronésia, Açores, Canárias e Cabo Verde.
Cumprimentos
Paulo Farinha

9:53 da manhã  

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