O Porto das Lamentações
Logo a abrir houve o ‘caso’ da aprovação para que o navio do armador canário pudesse operar no porto do Funchal: primeiro não havia condições para que um ferry daquelas dimensões pudesse operar no porto mas depois, imaginem porquê, lá (felizmente!) foi possível.
Agora que a operação da Naviera Armas se revelou um sucesso, contribuindo inclusive, e apesar dos conhecidos custos exorbitantes da operação dos portos da Madeira, para que os produtos alimentares importados acabem por chegar mais baratos às prateleiras de várias cadeias de supermercados e beneficiando como tal a população madeirense, a tempestade está instalada.
Nos últimos tempos têm-se multiplicado ataques à Naviera Armas. Desde artigos na comunicação social regional, desconfio que patrocinados pelos interesses instalados, acusando os canários de cobrarem preços elevados (?!!); até à denúncia feita pela Associação Nacional de Armadores junto do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimo (IPTM) pelo facto da Naviera Armas estar a transportar atrelados no seu ferry; e as ameaças de apresentar uma queixa na Autoridade da Concorrência.
Igualmente caricato é vermos representantes de um armador que detém o monopólio da linha para o Porto Santo se lamentar da suposta situação de concorrência desleal que a Naviera Armas representa (?!!). Pelo que sei a linha para Lisboa está liberalizada pelo que é apenas uma questão de investir e correr riscos!
A realidade é que os interesses instalados na Região Autónoma da Madeira (RAM) estão habituados a terem o seu negócio oferecido de bandeja e de cada vez que têm de enfrentar concorrência saem a terreiro a gritar ‘Aqui del Rei’ que nos estão a estragar o ‘arranjinho’.
Claro que ninguém pode censurar os donos dessas empresas por estarem a tentar manter os seus monopólios, afinal esse é o sonho, raramente alcançado em mercados realmente concorrenciais, de qualquer empresário: deter um monopólio!
A responsabilidade da situação cabe pois por inteiro ao Governo Regional da RAM, cujo dever é o de defender os interesses da maioria dos cidadãos madeirenses. Vejamos se nesta ocasião, como em tantas outras, o Governo Regional vai falhar nesse compromisso em benefício de interesses duvidosos.
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