quarta-feira, junho 09, 2010

Sistema de Telecomunicações de Emergência: Está lá??

Passado algum tempo desde a catástrofe de 20 de Fevereiro – o que ajuda a ver as coisas com maior serenidade – julgo útil e necessário começar a reflectir de forma responsável sobre as situações que correram mal. Só desta forma podemos garantir que tais situações serão resolvidas convenientemente.

Uma das situações que considero mais grave foi a falha no sistema de telecomunicações de emergência da Protecção Civil.

Este sistema (designado de SIRESP), ao contrário do que acontece com os sistemas de telecomunicações dos prestadores de serviços comuns como por exemplo a PT ou ZON que são pensados para operar em situações ‘normais’, foi projectado exactamente para estar operacional em situações de catástrofe e, dessa forma, garantir as necessárias comunicações entre as várias entidades intervenientes – Protecção Civil, Bombeiros, Polícia, etc – nas operações de socorro.

Devido portanto a esse requisito de funcionamento em situações críticas torna-se essêncial garantir uma elevada resiliência do sistema. Tal só pode ser conseguido recorrendo a soluções completamente redundantes ao nível da tecnologia utilizada (usando, por exemplo, tecnologia com fios no acesso principal e sem fios no acesso de backup), dos equipamentos e ainda ao nível dos caminhos físicos de cabos – nomeadamente de fibra óptica.

Ainda relativamente à questão dos caminhos físicos – e porque foi aqui que esteve a causa da falha do sistema de emergência – além da existência de caminhos para o transporte das comunicações verdadeiramente independentes, é necessária a realização de uma minuciosa análise do risco de afectação do serviço sobretudo quando tais caminhos atravessam zonas de risco como são, por exemplo, as margens das ribeiras.

Naturalmente que estas opções encarecem o preço do sistema de telecomunicações mas tendo em conta que o projecto do SIRESP – que foi um projecto nacional – ultrapassou largamente o orçamento inicial podemos concluir que não terá sido por falta de verbas que tal sistema não terá contemplado as opções técnicas acima enunciadas.

Torna-se pois necessário que os responsáveis da Protecção Civil expliquem o que correu mal com o Sistema de Telecomunicações de Emergência Regional e, ainda mais importante, o que está a ser feito para que esta situação não volte a acontecer.

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sábado, junho 05, 2010

Guerra DN-M vs JM

A demissão do director do DN-Madeira por de acordo com o mesmo estar a ser usado como bode expiatório pelo Governo Regional para manter o ataque àquele matutino e a ‘curiosa’ resposta do líder do executivo regional voltaram a colocar a actual situação da comunicação social regional na ordem do dia.

Em termos da imprensa escrita regional a situação caracteriza-se pela existência de dois jornais que competem entre si: de um lado o DN-Madeira (DN-M)que é completamente privado e do outro o Jornal da Madeira (JM) fortemente financiado pelo Governo Regional.

A situação agudizou-se mais recentemente devido ao facto do JM se ter tornado um jornal gratuito e pelo Governo Regional ter decidido acabar com qualquer tipo de publicidade institucional no DN-M em favor do JM e ter ‘sugerido’ a todos os serviços e instituições públicas regionais que deixassem de subscrever o DN-M.

Pessoalmente sou da opinião que nenhum órgão do Estado deve possuir, directa ou indirectamente, meios de comunicação social. Mas o que se passa na região é ainda mais grave que a simples posse de um meio de comunicação social.

O Governo Regional argumenta demagogicamente que pretende com o apoio ao JM ‘assegurar o pluralismo de opinião’. Contudo se compararmos os dois jornais rapidamente concluímos que se existe pluralismo de opinião é no DN-M pois no JM os artigos de opinião são todos, sem excepção, de apoiantes acérrimos do partido no poder e não existe sequer espaço para que eventuais leitores possam exprimir as suas opiniões! Tendo em conta que o JM é sustentado por todos os contribuintes acho esta situação inaceitável. Será para nem correrem o risco de terem que publicar alguma crítica ao partido no governo e à sua governação?

Relativamente aos cortes na publicidade e nas assinaturas do DN-M são práticas que vindo de quem vem não podem surpreender. Trata-se afinal do seu muito democrático e tradicional modo de operação…

No entanto não posso deixar de assinalar como também aqui não têm qualquer problema em prejudicar o cidadão normal para alimentar a sua guerra contra o DN-M. Basta recordar, por exemplo, o que se passou quando, após a tempestade de 20 de Fevereiro, os Horários do Funchal alteraram percursos e horários mas apenas fizeram publicar tais alterações no JM deixando muitos cidadãos leitores do DN-M (apenas o maior jornal da região…) na completa ignorância em relação a essas mesmas alterações. Um exemplo banal, dirão os caciques do regime, mas por isso mesmo bem elucidativo da realidade regional…

Assim torna-se claro que se algum dos jornais pode ser apelidado de ‘panfleto político’ não é com certeza o DN-M…

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