quarta-feira, dezembro 28, 2005

Já à venda!




Ao contrário do que possam ouvir dizer, não é lenda: o segundo volume de Mozart in Egypt está já disponível...

...E eu estive ainda ontem a ouvi-lo numa das lojas da Fnac e adorei!


E já agora cá vai mais uma daquelas coicidências que me 'perseguem':

De caminho para o Almada Forum estava a ouvir o primeiro (e que então julgava único...) volume de Mozart in Egypt no carro... Importante para a história será referir que a primeira vez que ouvi este cd foi no Porto, através de um amigo (sim Hugo, foste mesmo tu!) e, desde então, tenho-o ouvido com bastante frequência...

Uma vez no Forum fui à Fnac fazer umas últimas compras de Natal (sim, o Pai Natal este ano chega mais tarde à Madeira, ohohoh...) e deparei-me (com particular agrado) com o novo Mozart in Egypt 2...De volta ao carro, olho para o telemóvel e tinha uma chamada não atendida...do Hugo!

Coincidências....

domingo, dezembro 25, 2005

É Natal!




Feliz Natal para todos...

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Crónicas da Revolução




Encontro-me de momento a ler o mais recente livro de Marcelo Rebelo de Sousa e, confesso, que para além de interessante poderei mesmo classificá-lo de educativo.

Para aqueles de vós que sentem curiosidade por saber como se desenrolou essa Revolução: as opções políticas, o resvalar para um regime comunista (ou democracia popular como alguns chamam...), as personalidades envolvidas, o papel das superpotências, nos meses seguintes ao 25 de Abril, recomendo-o vivamente.

Tem também uma particularidade que lhe dá um toque de originalidade: o facto de ser uma compilação dos comentários políticos semanais do Professor no Expresso durante esse período.

A Aldeia Global



Devido à minha ocupação profissional tenho tido bastante contacto com as novas tecnologias e as suas aplicações. Mas julgo que a melhor forma de descrever a sua utilidade é contar-vos o que fiz neste fim de dia:

Quando cheguei a casa do trabalho liguei-me remotamente ao meu pc do trabalho por forma a terminar um trabalho pendente e, neste momento, estou ligado a um sessão de laboratório nos USA enquanto ouço uma rádio de jazz suiça (já agora fica a recomendação, www.radioswissjazz.ch) e aproveito para manter a conversa em dia com um amigo meu que está na Madeira...

De facto, as novas tecnologias estão a tornar o nosso mundo numa verdadeira Aldeia Global, e ainda bem!

segunda-feira, dezembro 19, 2005

Canzone d'amore cannibale




So che ti ritroverò
non potrai sfuggirmi
mia è l'immaginazione
catturato come un insetto e trafitto
immobilizzato spaventato rassegnato
comunque sarai

farò di te quello che non vorrai
con calma mi appresterò a divorarti
l'amore non lascia niente sul piatto
neanche le chele.
Ti avrò mangiato e succhiato
svuotato
- non vorrei tuttavia che tu soffrissi
vorrei che godessi anche tu
della felicità immensa
dì essere cibo.

Donatella Bisutti

sábado, dezembro 17, 2005

AUTOEUROPA II



Ainda sobre a Autoeuropa, li hoje no semanário Vida Económica um artigo de opinião de Magalhães Pinto a louvar o acordo e a criticar os meios de comunicação social sobre terem dado muito mais relevo à crise do que à solução da mesma. Concordo em absoluto.

Contudo o que achei mais interessante no referido artigo foi a proposta, classificada de utópica pelo próprio autor, de todos os portugueses se disponibilizarem para trabalhar mais uma hora por dia, durante três anos, sem qualquer remuneração adicional por isso.

Estava a ler esta proposta e lembrei-me de um cirurgião alemão amigo da família, já de certa idade, que contava que quando estudava na faculdade de medicina após as aulas ele e tantos outros colegas, com o intuito de recuperar a Alemanha após o descalabro da 2ª Guerra Mundial, iam ajudar na reconstrução de estradas, edifícios e tudo o resto que tinha sido totalmente devastado...

Ao mesmo tempo lembrei-me do livro de George Orwell, Animal Farm, e do cavalo, de seu nome Boxer, que para cada problema da quinta arranjava sempre uma solução: trabalhar mais! O pobre bicho tanto trabalhou até que morreu e a quinta continuou numa desgraça...

O que me parece evidente é que, num país onde o estado não tenha critérios rigorosos com a despesa e o investimento, por mais horas que se trabalhe nunca serão suficientes...(qualquer semelhança com Portugal é mera coincidência!).

AUTOEUROPA I



Esta semana na Autoeuropa, administração e trabalhadores chegaram a acordo. Acordo de curto prazo mas que, para já, evitará que a fábrica de Palmela caia no ranking das Autoeuropas o que aconteceria inevitavelmente se se viessem a partir para greves...

Uma boa notícia para Portugal tendo em conta que a fábrica em causa é responsável por 2% do PIB nacional!

sábado, dezembro 10, 2005

Machico





Na fralda de dois ingremes rochedos
Que levantão aos ceus fronte orgulhosa,
Existe de Maxim a Vila idosa
Povoada de escassos arvoredos.


Pelo meio, alisando alvos penedos,
Desce extensa Ribeira preguiçosa;
Porém tão crespa na estação chuvosa,
Que aos Incolas infunde espanto e medos.


As margens della, em hora atenuada
Vi a primeira luz do sol sereno
Em pobre sim, mas paternal morada.


Aos trabalhos me affiz desde pequeno,
O abrigo deixei da Patria amada,
E vim ser infeliz noutros terrenos.


Francisco Manuel Álvares de Nóbrega (Camões Pequeno)

O que há em mim é sobretudo cansaço




O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos

domingo, dezembro 04, 2005

A arte de bendizer!

Em Portugal em geral e na Madeira em particular a sociedade, liderada pela maioria da comunicação social, está tão habituada a dizer mal de tudo e todos que casos de sucesso e iniciativa passam completamente despercebidos...

Queria aproveitar este espaço para iniciar uma nova arte: a de bendizer!

Na conceituada revista Exame, deste mês de Dezembro, foi publicada a lista das 1000 melhores pequenas e médias empresas (PME) nacionais. Associada a essa lista foi também publicada o Quadro de Honra, onde constavam as melhores empresas dos 19 sectores analisados.

Presumo que será com enorme tristeza que os amantes da arte de maldizer poderão verificar que no sector da Construção e dos Minerais Metálicos e Não-metálicos foram eleitas duas empresas madeirenses, respectivamente a Indutora e a Cimentos Europa.

Parabéns aos responsáveis por este sucesso!

Live Your Life Thoroughly




Live your life thoroughly
Let not pass one day unaccomplished
Be sure to make the best of what life offers you
And by doing so, be happy!
Because that my friend is just
As good as it gets...


Miguel Santos (1999)

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Cântico Negro




"Vem por aqui" dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom se eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui"!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mãe.

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: "vem por aqui"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis machados, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!

Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
Sei que não vou por aí.

José Régio

O Preso Livre




Nem vida nem morte
Nem a mínima coerência,
Apenas esta maldita sorte
E um mundo de indiferença.

Rindo com vontade de chorar,
Parece hipocrisia
Tentar omitir
Uma alma vazia.

Vivendo uma vida não desejada
Num mundo desprezível,
O tempo escoando
Completamente insensível!

Numa constante escuridão
Um muito suave luar,
Uma dilacerante saudade
Do que ficou por amar.


Miguel Santos (1996)