sábado, julho 29, 2006

Paura




Non della morte, ma
della metamorfosi
- accettare di privarsi di sé
come acqua che si lasci versare
e prende forma da ciò che la contiene
e corre via - e l'assorbe la terra
ed è e non è più - senza pena, forse
eppure non va persa.
Lenta, arrischiata
ogni cosa matura
per un attimo
di colma beatitudine
poi trabocca
come l'acqua di un vaso
fugge la pienezza.

Donatella Bisutti

sexta-feira, julho 21, 2006

Momento para reflexão e análise

O nº697 da revista Visão trazia uma entrevista que considero extremamente interessante com Ricardo Reis, Economista a leccionar na Universidade de Princeton.

Nessa entrevista o reputado jovem economista defende que o Estado Português deve, como medida para impulsionar a economia, baixar os impostos; é favorável à criação de uma taxa fixa de IRS única para todos pois, do seu ponto de vista, a taxa progressiva actual desincentiva o trabalho.

Gostaria de transcrever um excerto que julgo interessantes e digno de uma análise profunda.

Em relação ao IRS Ricardo Reis opina:

'...Há uma proposta ainda mais radical, que nunca foi experimentada: taxar, não o rendimento, mas o consumo, cobrando apenas IVA. O rendimento é igual a consumo mais poupanças, logo o IRS está a taxar consumo e a poupança. Quando se cobra IVA taxa-se apenas o consumo. Mas toda a poupança será consumo futuro. Se cobro IRS e IVA, estou a taxar duplamente as poupanças e a criar uma grande distorção. Há economistas que calculam que, se substituíssemos um imposto sobre o rendimento por um único imposto sobre o consumo, que permitisse a mesma receita, um país seria 20%, 30%, 40% mais rico.'

domingo, julho 16, 2006

Apontamentos e Achegas

Na sequência de alguns dos meus posts tenho recebido vários comentários aos quais me vejo na necessidade de efectuar alguns apontamentos e achegas:

1- 'Ao subscreveres todas os comentários do Pacheco Pereira eu
pergunto, por exemplo, se o nosso país não apoiar o
teatro, será que o teatro português vai amadurecer?'

Sou contrário a esse tipo de apoios porque, do meu ponto de vista, têm o efeito contrário aos seus objectivos.

Julgo que, tal como em qualquer outra actividade, deve ser o mercado a decidir o que quer. As actividades culturais devem ser dirigidas a um público-alvo que torne rentável essa mesma actividade, quer se trate de um filme, uma peça de teatro ou outra actividade qualquer. Existem inúmeros Países em que não existe apoio e, apesar disso, a actividade cultural é bem mais recheada e rentável...

Gostaria de lembrar o episódio de um cineasta que fez um filme subsidiado que era não sei quantos minutos com uma tela preta. Ainda tivemos direito a ouvir o tal cineasta a dizer que queria era que o público se fodesse(?!). O cineasta tem todo o direito a fazer o filme que entender, não acho no entanto que devam ser os contribuintes a pagar estes desvarios...

Por outro lado, se uma peça teatral é realizada com apoio estatal e ninguém vai ver, isso acrescenta alguma mais valia cultural ao País?

Se o objectivo é permitir que um maior número de Portugueses possam assistir às actividades culturais seria mais eficaz subsidiar os preços dos bilhetes de algumas dessas actividades culturais.

Continuo, contudo, a achar bem mais eficaz ser o mercado, com a sua lei da oferta e procura, a regular estas questões: se uma actividade cultural, um filme por exemplo, não tiver apoios estatais terá obrigatoriamente que dar lucro. Para tal será necessário que assistam o maior número de pessoas possível (daí o cuidado na escolha do público-alvo), pelo que os preços terão também de ser acessíveis para esse mesmo público-alvo!

Relativamente à questão do amadurecimento do teatro nacional julgo que se entenda com isso a constante melhoria qualitativa do mesmo. Mas a questão que faço é: qual o melhor incentivo para fazer coisas cada vez melhores, o apoio estatal com critérios no mínimo cinzentos e muitas vezes totalmente alheados de preocupações de qualidade ou a necessidade de ter a adesão do público?

Falo por mim, mas se alguém me disser que foi ver determinada actividade cultural e gostou, ficarei também tentado a assistir.


2- 'Sobre a tua análise dos professores, embora concordasse na
sua essência, quero dizer-te que os professores não
sobem tão automáticamente como parece, pois têm
apresentar pelo menos 25 horas de formação anual, o que
os obriga a se articularem no tempo, depois disso têm de
fazer um relatório de actividades que poderá ser
aprovado ou não. Mas o que é mais importante ainda ,é
que os professores têm uma constante lapidação, com a
natural concorrencia entre os colegas, que não é fácil
ser baldas. O sistema pressiona, e os professores têm
algum brio, embora não haja regra sem excepcção.'


Como expliquei no post, sou contrário às progressões automáticas porque sou da opinião que prejudicam os bons trabalhadores em benefício dos maus.

Julgo também que o verdadeiro mérito de um professor reside no que ele consegue fazer com os alunos. Um professor tem mérito se, graças ao seu gosto pelo que faz e pelo que ensina, consegue motivar os alunos e fazê-los querer aprender. Essa capacidade de motivar e interessar os alunos é que deverá ser premiada!

Por outro lado sou da opinião que um trabalhador não deve ser premiado pelo facto de ir trabalhar, afinal é para isso que ele está a ser pago! Ou seja, o facto de não ser 'baldas' não é motivo, só por si, para garantir uma progressão automática...

quinta-feira, julho 06, 2006

A única oposição possível é a liberal (JPP)

Hoje, no blog A Arte da Fuga (este, entre outros, a constar brevemente na minha lista de blogs de referência), fui chamado à atenção para um artigo intitulado "No puede ser" de Pacheco Pereira que, do que lá li, considero de grande clarividência:

'Não me interessa discutir a privatização dos rios, posso bem deixá-la para um longínquo futuro, mas já me importa combater pela saída do Estado dos partidos políticos, das centrais sindicais, das confederações patronais, das companhias de teatro subsidiadas, das "bolsas para escritores", do futebol, dos órgãos de comunicação social, ou seja do negócio da propaganda, do subsídio e da protecção. Feito isto, expulsando o Estado de onde ele não deve estar, nem muito nem pouco, podemos passar para onde ele deve estar minimamente. É que sem Estado mínimo, não há justiça social. O Estado máximo que temos é a melhor garantia de que os recursos escassos serão sempre mais para os que não precisam do que para os que precisam. E é isso que me interessa, não é ter uma camisola com o nome de liberalismo ao peito.'


Não podia estar mais de acordo com JPP.

Claramente o Estado actual, por trás da discursos demagogos, tenta que a justiça social seja a fachada que esconde toda uma agenda política de aproveitamento indevido dos poucos recursos disponíveis.

De uma forma brilhante JPP expôe aquele que é também o meu pensar: "Feito isto, expulsando o Estado de onde ele não deve estar, nem muito nem pouco, podemos passar para onde ele deve estar minimamente. É que sem Estado mínimo, não há justiça social."

quarta-feira, julho 05, 2006

Acabou o sonho!



Pois foi, uma vez mais Portugal perdeu numa meia-final. O jogo não foi famoso, também em parte pelo facto de, depois do golo, a França se ter limitado, como lhe competia, a defender e a tentar lançar contra-ataques.

Portugal lutou como pôde mas, geralmente, não da melhor forma.

E é aqui que gostaria de usar algumas linhas para falar sobre Scolari.

Como - pelo menos aqueles que me conhecem melhor - sabem, não sou um grande fã de Scolari. E não o sou, apenas por uma razão: não o acho nem nunca achei e continuarei a achar que ele é uma mau treinador, do ponto de vista da análise que faz aos jogos.

E essa característica notou-se sempre que Portugal esteve em situação de desvantagem e a precisar de vencer. É aí que são evidentes as suas limitações!

Para exemplificar o que estou a dizer vou utilizar o jogo desta noite.

O início da primeira parte foi marcada por algum equilíbrio mas, e apesar da primeira oportunidade ter sido francesa, paulatinamente Portugal foi subindo no jogo e teve mais oportunidades.

De repente, vindo do nada, surge a grande penalidade e a França coloca-se em vantagem.

Portugal no resto da primeira parte dominou o jogo mas, notava-se já, que a França tinha adoptado uma estratégia de controlar o jogo defensivamente. Notava-se também que Figo começava a dar os primeiros sinais de cansaço físico e que Pauleta, uma vez mais, não estava a ser o ponta-de-lança que Portugal precisava.

Neste ponto gostaria de fazer um aparte. Ao contrário de muitos, admiro Pauleta como jogador. Contudo, e ao contrário do seleccionador, sei reconhecer quando é que um jogador não está bem e deve dar lugar a outro! Contra uma defesa como a francesa é evidente que um ponta-de-lança terá muito pouco espaço mas o que se lhe pede é que seja capaz de jogar de costas para a baliza, segurar as bolas e tentar abrir espaços para a entrada dos médios ofensivos. Ora, ele não conseguiu fazer nada disso...

Chegou o intervalo e, tal como eu esperava conhecendo Scolari, não foi feita nenhuma alteração.

Entretanto, por volta dos 60 minutos Figo estoirou fisicamente e pouco depois Miguel lesiona-se.

Nesse momento, um treinador mais ousado, poderia ter aproveitado a contrariedade em seu proveito e feito alterações no seu sistema de jogo. Mas Scolari não o fez mas nem foram estes os seus piores erros.

Substituiu Miguel por Paulo Ferreira, numa troca de homem por homem. Entretanto Pauleta continuava a mostrar que não devia estar dentro de campo mas Scolari insistia em mantê-lo.

Finalmente vieram as substituições e aí é que se notou, de forma evidente, a insuficiência táctica e capacidade de leitura de jogo comum em Scolari.

Primeiro substitui, finalmente, Pauleta mas por Simão, puxando Simão para a linha e arrastando Cristiano Ronaldo para a posição de ponta-de-lança (?!!). Quais as consequências desta substituição? As piores possíveis para Portugal, vejamos:

Simão até entrou bem, mas Cristiano Ronaldo, ao ser colocado no centro, foi totalmente eliminado do jogo pelos defesas fortíssimos franceses, quando, ainda por cima, estava a ser ele o único a conseguir desiquilibrar a defesa gaulesa.

Pior ainda porque Figo, estoirado fisicamente, já não conseguia desiquilibrar na sua ala.

Por fim, Scolari tirou o Costinha e colocou Hélder Postiga na posição de ponta-de-lança. Esta alteração, apesar de não ser errada, pecou por tardia e por, nesta altura, Cristiano estar desaproveitado (continou a jogar no centro a par de Postiga) e Fico estoirado.

Claramente, o que devia ter sido feito, logo ao intervalo, senão mesmo de início, era ter colocado o Nuno Gomes como ponta-de-lança. Ele, das poucas opções que existiam no banco por culpa já se sabe de quem, é o que possui as melhores características para enfrentar aquela defesa francesa. Segura bem a bola, joga bem de costas para a baliza e, com a sua mobilidade, abre muitos espaços, necessários para as entradas de Maniche e Deco.

Para além disso, Simão deveria ter rendido Figo para, em conjunto com Cristiano Ronaldo, abrir os jogos nas alas, alargar o jogo de Portugal e, assim, abrir mais a defesa adversária.

Finalmente, nos últimos 20 minutos, é a altura de apostar o tudo-por-tudo. Nessa altura já não há nada a perder. Scolari, pelo contrário, espera pelas últimas, tipicamente por volta dos 75 minutos, para fazer as primeiras alterações...

Não quero com isto dizer que ele não tem méritos. Na perspectiva de motivar os jogadores, lhes dotar de uma vontade de vencer e criar um grupo forte ele é excepcional.

Existe, contudo, ainda o problema de, sob a desculpa de se querer criar um grupo forte, não dar a oportunidade a jogadores que estejam em melhor momento de forma de serem chamados e haver algum amiguismo. Alguém isento chama Boa-Morte em detrimento de de Quaresma? Deixa Moutinho em Portugal e chama um Hugo Viana, que até admiro, sem ritmo? Tendo Hélder Postiga e Pauleta características similares não seria melhor, para aumentar a diversidade de opções, ter chamado Hugo Almeida ou João Tomás?

Apesar disto, acho que Portugal está de parabéns pela magnífica campanha. Parabéns à equipa técnica, aos jogadores e a todos os portugueses que nunca deixaram de apoiar a selecção!

Viva Portugal!!!!

E ainda podemos ficar em terceiros!

segunda-feira, julho 03, 2006

Momento para reflexão e análise

'A nossa tarefa (a dos países ricos), no nosso próprio interesse, tanto como no deles, é ajudar os pobres a tornarem-se mais saudáveis e mais ricos. Se não o fizermos, serão eles a procurar apoderar-se daquilo que não conseguem produzir; e se não conseguirem ganhar com a exportação de mercadorias, terão de exportar gente. Em suma, a riqueza é um íman irresistível; e a pobreza um agente de contaminação potencialmente violento; não pode ser segregada e a nossa paz e prosperidade dependem, a longo-prazo, do bem-estar de outros.'

in 'A Riqueza e a Pobreza das Nações', David S. Landes

sábado, julho 01, 2006

Dia da Região




Não podia deixar passar este dia sem fazer uma referência ao facto de hoje ser o dia da Região Autónoma da Madeira.

Como cidadão apoiante das autonomias fica a nota.

Avaliação aos Professores

Nestas últimas semanas temos assistido a várias declarações quer de responsáveis governamentais quer dos professores e suas entidades sindicais sobre a problemática da avaliação aos professores.

Contudo, em todas essas declarações notei um maior interesse na defesa dos interesses de cada uma das partes envolvidas do que em discutir, de forma construtiva, esta problemática.

Antes de mais gostaria de frisar que sou favorável às avaliações e ao fim das progressões automáticas na função pública.

As progressões automáticas indiferenciam os bons dos maus profissionais. Independentemente do seu esforço ou evolução têm a promoção assegurada, desde que se consigam manter vivos...

Para além disso este tipo de progressão, a longo prazo, origina tendencialmente a desmotivação dos bons profissionais: por menos que se trabalhe, como os seus maus colegas, continua-se a progredir na carreira, portanto para quê se esforçar?

Claro que antes de se acabar com as progressões automáticas é necessário que esteja definido e em aplicação um sistema de avaliação dos profissionais por forma a ser possível substituir os métodos de progressão automática por outros mais justos.

Julgo que é do interesse de todos os bons profissionais este tipo de avaliação e progressão. Evidentemente que é mais exigente mas, no mundo em que vivemos, é absolutamente indispensável premiar o mérito, o conhecimento e o esforço.

Por todas estas razões julgo que o caso dos professores não deve ser diferente dos restantes.

Relativamente à forma como serão feitas as avaliações julgo que não devem ser razão para boicotar este processo. Evidentemente que existem vários critérios de avaliação que julgo serem consensuais como a assiduidade dos professores, os resultados obtidos pelos alunos e a avaliação feita pelos estudantes aos professores, entre outros.

Um critério que tem dado alguma polémica é a possibilidade dos pais poderem avaliar os professores. É uma ideia que não me repugna desde que haja bom senso: obviamente que a avaliação feita pelos pais deve ser apenas uma pequena parcela da avaliação global e tanto menor quanto, por exemplo, menos vezes for um pai às reuniões de pais.

Não queria contudo deixar de apontar um exemplo de uma falha governamental neste processo concreto: o governo não pode, por falta de coragem política em acabar com as progressões automáticas, prejudicar as professoras que, apesar das já difíceis situações de insegurança e constantes deslocalizações anuais optam, por ser mães, não contabilizando para a progressão de carreira o período de licença de parto.

No fundo parece que o Ministério da Educação avança com este processo de avaliação dos professores com o objectivo de ajudar o Ministério da Economia na redução das despesas estatais. E isso, por adulterar todo o sentido deste processo aqui analisado, é que é absolutamente inaceitável!

Meias-finais cá vamos nós!!



Um jogo difícil com a Inglaterra. Portugal tentou controlar o meio-campo e, excepto algumas situações, foi conseguindo. A construção do jogo ofensivo é que sentiu alguma falta do creativo e mágico Deco.

As equipas foram se anulando e chegaram as inevitáveis grandes penalidades. Aí uma referência para as magnífica intervenções de Ricardo, o verdadeiro herói do jogo, e para o Cristiano Ronaldo que, no momento crucial, mostrou toda a sua perícia: Madeira Power!!!

Agora seguem as meias-finais. Esperemos mais um bom jogo de Portugal...

Viva Portugal!!!

Hoje temos Herói!!




Hoje foi ele que levou Portugal à meia-final!!


Viva Portugal!!!

Cotovia



Trata-se de um romance de Deszó Kosztolányi, considerado por muitos o maior escritor húngaro do século XX.

Julgo que a melhor palavra para caracterizar este notável romance é sobriedade. De forma apaixonante mas sóbria Kosztolányi relata a vida de um velho casal que aproveitando uma semana de férias da sua filha única, Cotovia, e de forma casual, redescobre vários prazeres da vida a que tinham abdicado devido à dedicação total à sua filha...