Pois foi, uma vez mais Portugal perdeu numa meia-final. O jogo não foi famoso, também em parte pelo facto de, depois do golo, a França se ter limitado, como lhe competia, a defender e a tentar lançar contra-ataques.
Portugal lutou como pôde mas, geralmente, não da melhor forma.
E é aqui que gostaria de usar algumas linhas para falar sobre Scolari.
Como - pelo menos aqueles que me conhecem melhor - sabem, não sou um grande fã de Scolari. E não o sou, apenas por uma razão: não o acho nem nunca achei e continuarei a achar que ele é uma mau treinador, do ponto de vista da análise que faz aos jogos.
E essa característica notou-se sempre que Portugal esteve em situação de desvantagem e a precisar de vencer. É aí que são evidentes as suas limitações!
Para exemplificar o que estou a dizer vou utilizar o jogo desta noite.
O início da primeira parte foi marcada por algum equilíbrio mas, e apesar da primeira oportunidade ter sido francesa, paulatinamente Portugal foi subindo no jogo e teve mais oportunidades.
De repente, vindo do nada, surge a grande penalidade e a França coloca-se em vantagem.
Portugal no resto da primeira parte dominou o jogo mas, notava-se já, que a França tinha adoptado uma estratégia de controlar o jogo defensivamente. Notava-se também que Figo começava a dar os primeiros sinais de cansaço físico e que Pauleta, uma vez mais, não estava a ser o ponta-de-lança que Portugal precisava.
Neste ponto gostaria de fazer um aparte. Ao contrário de muitos, admiro Pauleta como jogador. Contudo, e ao contrário do seleccionador, sei reconhecer quando é que um jogador não está bem e deve dar lugar a outro! Contra uma defesa como a francesa é evidente que um ponta-de-lança terá muito pouco espaço mas o que se lhe pede é que seja capaz de jogar de costas para a baliza, segurar as bolas e tentar abrir espaços para a entrada dos médios ofensivos. Ora, ele não conseguiu fazer nada disso...
Chegou o intervalo e, tal como eu esperava conhecendo Scolari, não foi feita nenhuma alteração.
Entretanto, por volta dos 60 minutos Figo estoirou fisicamente e pouco depois Miguel lesiona-se.
Nesse momento, um treinador mais ousado, poderia ter aproveitado a contrariedade em seu proveito e feito alterações no seu sistema de jogo. Mas Scolari não o fez mas nem foram estes os seus piores erros.
Substituiu Miguel por Paulo Ferreira, numa troca de homem por homem. Entretanto Pauleta continuava a mostrar que não devia estar dentro de campo mas Scolari insistia em mantê-lo.
Finalmente vieram as substituições e aí é que se notou, de forma evidente, a insuficiência táctica e capacidade de leitura de jogo comum em Scolari.
Primeiro substitui, finalmente, Pauleta mas por Simão, puxando Simão para a linha e arrastando Cristiano Ronaldo para a posição de ponta-de-lança (?!!). Quais as consequências desta substituição? As piores possíveis para Portugal, vejamos:
Simão até entrou bem, mas Cristiano Ronaldo, ao ser colocado no centro, foi totalmente eliminado do jogo pelos defesas fortíssimos franceses, quando, ainda por cima, estava a ser ele o único a conseguir desiquilibrar a defesa gaulesa.
Pior ainda porque Figo, estoirado fisicamente, já não conseguia desiquilibrar na sua ala.
Por fim, Scolari tirou o Costinha e colocou Hélder Postiga na posição de ponta-de-lança. Esta alteração, apesar de não ser errada, pecou por tardia e por, nesta altura, Cristiano estar desaproveitado (continou a jogar no centro a par de Postiga) e Fico estoirado.
Claramente, o que devia ter sido feito, logo ao intervalo, senão mesmo de início, era ter colocado o Nuno Gomes como ponta-de-lança. Ele, das poucas opções que existiam no banco por culpa já se sabe de quem, é o que possui as melhores características para enfrentar aquela defesa francesa. Segura bem a bola, joga bem de costas para a baliza e, com a sua mobilidade, abre muitos espaços, necessários para as entradas de Maniche e Deco.
Para além disso, Simão deveria ter rendido Figo para, em conjunto com Cristiano Ronaldo, abrir os jogos nas alas, alargar o jogo de Portugal e, assim, abrir mais a defesa adversária.
Finalmente, nos últimos 20 minutos, é a altura de apostar o tudo-por-tudo. Nessa altura já não há nada a perder. Scolari, pelo contrário, espera pelas últimas, tipicamente por volta dos 75 minutos, para fazer as primeiras alterações...
Não quero com isto dizer que ele não tem méritos. Na perspectiva de motivar os jogadores, lhes dotar de uma vontade de vencer e criar um grupo forte ele é excepcional.
Existe, contudo, ainda o problema de, sob a desculpa de se querer criar um grupo forte, não dar a oportunidade a jogadores que estejam em melhor momento de forma de serem chamados e haver algum amiguismo. Alguém isento chama Boa-Morte em detrimento de de Quaresma? Deixa Moutinho em Portugal e chama um Hugo Viana, que até admiro, sem ritmo? Tendo Hélder Postiga e Pauleta características similares não seria melhor, para aumentar a diversidade de opções, ter chamado Hugo Almeida ou João Tomás?
Apesar disto, acho que Portugal está de parabéns pela magnífica campanha. Parabéns à equipa técnica, aos jogadores e a todos os portugueses que nunca deixaram de apoiar a selecção!
Viva Portugal!!!!
E ainda podemos ficar em terceiros!