quarta-feira, julho 09, 2008

Aumentos de Capital e o Caso BCP - II

Após a descrição feito no post anterior torna-se mais fácil perceber uma das mais perniciosas 'jogadas' feita pelo BCP:

Utilizando empresas off-shore 'fantoche', controladas pelo próprio BCP, o banco, antes de anunciar um aumento de capital, iniciava um processo especulativo de compras de acções próprias que, naturalmente, conduziam a uma subida do valor da acção. Trata-se da mais básica lei de mercado: mantendo o número de acções e aumentado a procura pelas acções o preço de cada acção irá aumentar.

Isto é tanto mais verdadeiro quanto, perante a evidência da subida das acções do BCP, todos aqueles minimamente atentos ao mercado de acções, e que não são poucos, se sentiam tentados a adquirir essa acção.

Na altura do aumento de capital as acções do BCP estavam assim num pico e, como tal, o valor do banco atingia montantes record.

Mas pior, pelo menos para os novos investidores incautos, permitia ao BCP emitir as novas acções a valores superiores ao realmente justo: como referido no post Aumentos de Capital e o Caso BCP I, por forma a supostamente não prejudicar os accionistas mais antigos o BCP argumentava ser necessário pagar um prémio maior por cada acção (o designado share premium).

Como contudo o valor das acções tinha sido inflaccionado fraudulentamente os novos subscritores estavam a comprar gato por lebre!!

Agora que o 'esquema' foi descoberto e as acções do BCP andam pela rua da amargura os mais recentes subscritores acumulam perdas enormes.

Trata-se claramente de um roubo descarado que, num outro qualquer país capitalista sério, levaria a pesadas penas de prisão pois tinha sido posto em causa todo o sistema bolsista e as poupanças de milhares de pessoas.

Mas estamos a falar de Portugal e assim sendo alguém acredita que os famosos cabecilhas desta fraude serão sequer condenados?

A ver vamos...

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Aumentos de Capital e o Caso BCP - I

O caso BCP tem dado panos para mangas nos meios de comunicação social mas, antes de considerarmos esse caso concreto, analisemos os efeitos de um aumento de capital numa empresa genérica XPTO:

A empresa XPTO foi recentemente avaliada em 1,5 milhões de euros tendo sido emitidas inicialmente 1 milhão de acções, cada uma com um valor de 1 Euro. Assim sendo o valor actual de cada acção será de:

1,5M euros/1M acções = 1,5 euros/acção

Uma vez que a empresa XPTO pretende se expandir investindo em mais uma unidade de produção, decide proceder a um aumento de capital. Uma vez que a empresa pretende amealhar 600 mil euros com este aumento de capital através da emissão de novas acções a 1 euro naturalmente necessita de emitir 600 mil novas acções.

Assim, com a emissão das novas acções passam a existir 1M + 0,6M = 1,6M de acções no mercado e o valor total da empresa XPTO passa a ser de 1,5M + 0,6M = 2,1M de euros.

Quer isto dizer então que o valor corrente de cada acção passa a ser de:

2,1M euros/1,6M acções = 1,3125 euros/acção

Este aumento de capital, feito desta forma, deixa naturalmente extremamente feliz os subscritores das novas acções pois passam a ganhar 1,3125 euros (valor corrente) - 1 euro (valor nominal da acção)=0,3125 por acção!

Contudo, inversamente, as subscritores das acções iniciais estão obviamente irritados pois estão a perder: 1,5 euros (valor corrente antes do aumento de capital) - 1,3125 euros (valor corrente de cada acção após o aumento de capital)= 0,1875 euros por acção!!

A solução normalmente utilizada pelas empresas para que o aumento de capital não seja injusto para os subscritores iniciais é lançar as novas acções ao valor corrente da acção antes do aumento de capital. Neste caso as novas acções disponíveis no aumento de capital estariam disponíveis a: 1,5 euros por acção.

1 euro de cada acção é o valor nominal e 0,5 euros o prémio de cada acção (share premium).

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O Insensato



Extraordinário romance do argelino Morgan Sportès baseado na vida do espião Richard Sorge, um alemão que operava em Tóquio ao serviço da URSS.

Morgan Sportès transporta-nos para os anos da segunda-guerra mundial e coloca-nos no meio de uma teia de espionagem que, mesmo sendo romanceada, nos permite recordar a evolução do conflito do ponto de vista das várias potências envolvidas. A descrição da vida em Tóquio e das personangens é soberba.

Verdadeiramente surpreendente e altamente recomendado como leitura de férias...

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